Olissipo
Na radiosa tarde de Sábado que esteve ontem decidi dedicar-me às compras.
Como o sol convidava a sair e os Shoppings estavam apinhados com pessoas à caça de pechinchas nos saldos (para os mais iludidos aviso já que pechinhas é coisa que não existe) decidi fazer uma visita à baixa da cidade que me viu nascer.
E como acho k uma visita à baixa deve ser feita de transportes públicos lá fui de metro...
Chegar à baixa traz-me sempre memórias de infancia. Antes ainda de frequentar qualquer escola costumava visitar a baixa uma vez por mês com a minha mãe que lá tinha de ir por motivos profissionais.
São memórias breves de alguns locais: a Pastelaria Suiça, a Charles da Rua do Carmo, o Castelo de S. Jorge por cima do Rossio, o arco da Rua Augusta. De outros locais quase não tenho memória: Os Armazéns do Chiado, Grandella, Lanalgo, Pollux, o Éden antes da reconversão... Do Chiado por exemplo, a memória mais remota é o Incêndio, lembro-me de estar com os meus pais na Rua do Carmo alguns dias depois, ainda a água dos bombeiros escorria rua fora... Tenho pena de não ter conhecido a baixa puramente alfacinha alimentada pelos bancos, seguradoras e serviços públicos.
Conheço uma outra versão que me começou a ser familiar quando abriu a Virgin Megastore nos Restauradores. Uma baixa que começava lentamente a recuperar dos anos de agonia que se seguiram ao incêndio... Lembro-me de me surpreender a cada esquina porque a um lugar desconhecido seguia-se uma velha recordação devidamente arquivada. Depois de algumas machadadas dadas pela abertura de alguns centros comerciais, pela saída de pessoas para a periferia, dos serviços para o Marquês e as Avenidas Novas; o comércio da baixa começava finalmente a ressuscitar. O Chiado recuperava e abriam lojas como a Printemps e algumas marcas de luxo. Os emigrantes invadiam o Rossio, o Martim Moniz e a Praça da Figueira. Os Mc Donalds saíam dos centros comerciais.
Essa mesma Lisboa também foi evoluindo... As marcas de luxo acabaram por se concentrar na Avenida da Liberdade (com algumas excepções como a Cartier e a Louis Vuiton). A Printemps fechou e deu lugar à Valentim de Carvalho. Depois foi-se a Virgin. Acabou a Lanalgo. Abriu o metro da Baixa-Chiado.
Mais recentemente foi a invasão das marcas espanholas com "Zaras" a ocupar edificios completos. A abertura dos renascidos Armazéns do Chiado. A Valentim de Carvalho dá lugar ao colosso H & M que pouco depois também conquista a Rua Augusta. Depois da Expo 98 há a invasão dos turistas. Europeus atraídos por uma cidade milenar que tem um aeroporto dentro dela.
Esta é a baixa de hoje. A alternativa aos centros comerciais que está repleta do mesmo tipo de lojas que eles têm. O local onde é possivel andar ao ar livre apesar dos carros que invadem alguns passeios. O sítio onde lado a lado com o mais mainstream que há no comércio mundial ainda subsistem lojas tradicionais.
É esta a baixa que visitei ontem. O verdadeiro centro da minha cidade...
1 comentário:
Eu tenho vindo a aprender a amar Lisboa, que não é a minha cidade.
Obrigado por me transportares mentalmente para a baixa de Lisboa, que é lindíssima.
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